"A poesia é uma arma carregada de futuro.", GABRIEL CELAYA
- anabelaborgessilva
- 30 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 31 de mar. de 2021
No dia 21 de março, celebra-se o Dia Mundial da Poesia. Este dia foi criado, em 1999, na 30.ª Conferência Geral da UNESCO.
Esta data celebra a livre criação de ideias através das palavras, a criatividade e a inovação. Pretende-se ainda apoiar e celebrar a diversidade linguística através da expressão poética e promover o ensino da poesia.
Para além de celebrarmos o Dia Mundial da Poesia com criações poéticas inéditas dos alunos da ESO - "Devaneios Poéticos" e com leituras dos nossos distintos poetas - "Vozes alheias", partilhamos o poema "Quando vier a Primavera", de Alberto Caeiro, para comemorarmos o início da nova estação do ano - a Primavera -, que se assinala no dia 20 de março e que, à semelhança da poesia, traz novas criações, novas inspirações e novas emoções.
Atreve-te a ver "A poesia não se serve em pratos de balança" e delicia-te com Pedro Lamares, que nos apresenta "a poesia como uma força contra a atual situação económica".
Aventura-te na Literatura e na Arte.
Quando vier a primavera
Quando vier a primavera
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
7-11-1915
“Poemas Inconjuntos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993).
- 87.
1ª publ. in “Poemas Inconjuntos”. In Athena, nº 5. Lisboa: Fev. 1925
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