Observações Críticas
O nosso olhar clínico e crítico sobre o que nos rodeia
Edvard Munch, O Grito (1893)
Os vícios dos “corta-filas”
Todos nós já estivemos numa fila à espera de alguma coisa, quer seja no supermercado, na entrada da escola ou no multibanco. Qualquer pessoa que participe nesta atividade tem uma vida e coisas para fazer, o que deve ser respeitado. Porém, há indivíduos que dão prioridade às suas necessidades e ignoram as dos outros, por isso decidem passar para a frente da fila. Esses “seres humanos” são chamados de “corta-filas”.
Muita gente diz que não faz mal apenas uma pessoa passar à frente de uma fila, mas o problema é que a “doença dos corta-filas” é extremamente contagiosa. Houve uma vez em que eu estava à espera para sair da escola e vi uma pessoa a cortar a fila, depois vieram mais duas, depois mais quatro, entretanto alguns sujeitos que estavam no meio da linha ficaram impacientes e decidiram cortá-la também e no final já havia duas filas distintas.
Uma das regras universais dos “corta-filas” é: “se um amigo teu está no meio da linha, tu tens acesso imediato a esse local”. Através desta regra podemos concluir que o poder da amizade é suficiente para justificar o desrespeito ao tempo dos outros.
Eu acredito que a maior parte das pessoas já fez pelo menos uma das coisas aqui mencionadas porque estava com pressa para ir apanhar o autocarro ou algo do género, mas devemos também pensar na vida dos outros, pois pode haver mais pessoas que queiram apanhar esse autocarro.
António Figueiredo
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Duke, in: Jornal "O Tempo", 25 de janeiro de 2021
https://www.otempo.com.br/charges/charge-o-tempo-25-01-2021-1.2439143
«Furo fila, logo existo»
Se há coisa que o povo não tem é paciência. Há tanta precipitação nas pessoas que fazem qualquer coisa para poupar o seu precioso tempo, das coisas mais simples às coisas mais complexas. Não importa a dimensão de uma fila, desde que o “Santo Indivíduo” esteja a morrer de pressa, aparentemente, existe um certificado mágico que lhe permite furar a fila.
Estamos perante uma falta de empatia social! Claro, porque pode-se notoriamente ser um fura-filas quando estamos atrasados, mas, se outro “camarada” passar à nossa frente, começa uma competição entre machos-alfa para ver quem fica com a fêmea, no caso, o lugar da frente. Agimos de tal forma que não sei se é pior o leão hipócrita que reclama ou os ratinhos que ficam calados, sendo conhecidos como simpáticos e gentis por entre os fura-filas. Como podem prever, esta fila vai virar uma corrente de convecção: os batoteiros à frente e os ingénuos mais atrás.
Mas não pensem que a estratificação da linha de espera é a única desorganização. É óbvio que nós, cidadãos, também exibimos a nossa falsidade, mas de uma forma que não seja revelada. Por outras palavras, é praticamente a nossa forma ninja de passar à frente dos outros. Quantos de nós já avançamos uma casa para a frente porque o proprietário dessa “casa” se distraiu? Pois é. Às vezes (a maior parte das vezes) nem estamos com pressa, mas aquele pedaço de chão à nossa frente parece tão suculento que não dá pra não pisar nele. Pelos vistos, a gula não vem apenas da comida…
No entanto, existe um pequeno “senão” nas palavras que disse acima. Não me digam que acharam que o dilema de passar a vez dos outros é uma história para adormecer, pois não? É evidente que quem comete este tipo de trapaça está a desrespeitar os outros. Para mim, o respeito mútuo entre a sociedade é a chave para evitar estes problemas. Deste modo, afirmo que as desculpas de falta de tempo servem para encobrir o desrespeito dos ignorantes que passam à frente como se fosse algo natural e justo.
Concluindo, todos fazemos parte deste grupo de fura-filas e somos hipócritas por isso. Apesar de ser errado, nós cometemos pequenas “batotices” quando o assunto é esperar numa fila. Alerto-vos que a partir das coisas pequenas formam-se coisas maiores, mas no final de tudo continuamos a cometê-las. Se Descartes dizia “Penso, logo existo”, eu antes diria “Furo fila, logo existo”.
Arnav Rana
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Elson Souto
Amigos, amigos, fofocas à parte
O Homem é uma criatura que à medida do tempo se manteve em constante evolução e mudança. Porém, uma das suas características intrínsecas é o interesse pela vida do vizinho.
Um dos grandes exemplos que temos são as “câmaras de vigilância” presentes nas ruas portuguesas. Obviamente, refiro-me aos idosos reformados que se debruçam perante as suas janelas, captando toda a informação que possam recolher. Afinal, basta-me trocar umas palavras com a D. Maria do 2.º direito para ficar a par de todas as novidades escaldantes do meu bairro. Desde o novo namorado da cabeleireira até ao casal de estrangeiros que acabou de se mudar, são estas informações a que chamamos de “fofocas”, propagadas pelos denominados “fofoqueiros”. Contudo, não se deixem enganar, os maiores fofoqueiros não são os idosos, mas sim os jovens, que utilizam as redes sociais como uma terra fértil para semearem as suas fofocas.
Ora, o que os fofoqueiros não têm noção é que podem magoar seriamente os outros ao falarem do que não lhes diz respeito. Estes energúmenos disseminam rumores, na sua maioria mentiras, que podem atingir repercussões enormes, roçando a difamação ou até mesmo o bullying.
A estes militantes das fofocas pouco ou nada se pode fazer, no entanto os restantes são a solução para este problema, não aceitando um rumor como uma verdade garantida. Tal como eu comecei o texto, o ser humano está em constante evolução, mas não basta criar o último smartphone topo de gama, também é preciso evoluir nas nossas mentalidades e sermos mais tolerantes, porque, como sempre me disseram, a minha liberdade termina onde começa a dos outros.
Dragos Burlui
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Mick Wiggins, in: jornal "Wall Street Journal"
6 de Janeiro 2010, "Before You Gossip, Ask Yourself This..."
A culpa dos inocentes, o disfarce de quem manda
Maior parte de nós já teve contacto com aquele tipo de pessoas que tem uma vocação surpreendente para mandar, disfarçadamente, os outros fazerem algo. E pouco afortunados são aqueles que nunca conheceram alguém que faz pedidos sob a forma de uma ordem. Ou será que são sortudos? Depende da perspetiva.
De entre tantos exemplos que existem, tudo pode começar com um simples: “Será que podes fechar a porta? Está a bater-me uma corrente de ar nas costas!”. E nós, ingénuos, considerando que vamos realizar um ato de bondade, na realidade estamos a entrar num ciclo (quase infernal) em que a outra pessoa manda e nós obedecemos! No momento após a porta estar fechada, a pessoa abre um sorriso que reflete o seu pensamento: “A partir de hoje, serás minha cobaia!”.
O maior dos problemas é que estes indivíduos além de gostarem imenso de ordenar mesquinhamente, ou seja, sem a perceção das suas tais “cobaias”, nunca estão minimamente satisfeitos com o que está feito. Por isso, quando nos começamos a aperceber do tipo de pessoas com quem estamos a lidar, a nossa disponibilidade para corresponder a um simples pedido não será igual à que tivemos para abrir a tal porta.
Imaginem que estão a jantar e ouvem um “importas-te de me passar o cesto do pão?”. Vocês levantam o olhar do vosso prato e... O CESTO ESTÁ A 20 CM DA PESSOA! Aposto que idealizam 1001 respostas bem escandalosas. No entanto, para evitar confusão, passam o cesto com a melhor cara que a situação permite e é quando, de repente, não satisfeita, a pessoa tem a decência ou, melhor dizendo, a indecência de dizer dissimuladamente que “quem faz as coisas por má vontade, pouco ganha na vida!”. Oh, que raiva interior incontrolável! Como te deixaste chegar àquela situação? Porque ainda te sujeitas àquilo?
Resumindo, se cada um de nós não colocar um travão nesta aparente inocência da exploração, a situação irá piorar, tornando-se de pequena e impercetível a gigante e insuportável! Além disso, é crucial saber dizer “não” quando necessário, pois “não há (na vida) pão para malucos”!
Ioana Danulescu
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Take your mask off, de Nomen. (Fotografia: conexaolusofona.org)
Um século na passadeira
Atravessar uma passadeira pode demorar mais tempo do que nós esperamos. Apesar de ninguém gostar, já aconteceu a toda a gente ter de esperar uns bons segundos para que os carros parassem e nós pudéssemos atravessar a estrada em segurança.
Mas qual será o principal motivo para a maioria dos condutores não pararem o carro para as pessoas passarem? Será pressa ou “apenas” falta de respeito? Ora essa, obviamente que é pressa! No entanto, esta não é uma pressa qualquer, tem motivos muito variados e plausíveis, tais como ir ao centro comercial, ir ao café, sair com amigos ou ir à praia. Estes são alguns dos compromissos importantíssimos que os condutores têm e que os impedem de parar o carro durante cinco segundos.
Contudo, será que estas pessoas já se tentaram meter no lugar daqueles que estavam à espera para atravessar? Com certeza que não, porque o seu pensamento está apenas nelas próprias, no que vão fazer e não nas pessoas que as rodeiam. Será que o peão, que está há tanto tempo à espera, não tem compromissos realmente importantes como, por exemplo, uma entrevista de emprego? Sim, porque ao contrário dos nossos amigos, aquele emprego não espera por nós.
Não é por estarem a andar de carro que os condutores têm mais direitos do que as pessoas que andam na rua. Não custa nada parar o carro durante cinco segundos para o peão passar. Não vamos fazer aos outros o que não gostávamos que nos fizessem a nós!
Mafalda Inocêncio
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https://omirante.pt/semanario/2014-01-23/
o-cartoon-da-noticia/2014-01-22-confusao-na-passadeira
Ao volante com o meu irmão
Sentada no lugar do passageiro, ouço, diariamente, os berros do meu irmão a apelar pelos portugueses para renovarem a carta de condução, relembrando que não estamos na via de circulação da Kidzania, onde o monitor nos vai socorrer de 10 em 10 segundos, porque chocámos com um poste ou batemos no carro da frente, enquanto dizíamos “olá” aos nossos pais.
O trânsito português ou, como eu digo, o conjunto de pessoas dentro de um veículo cuja carta de condução foi tirada na Primark, é algo nunca antes visto. Aqui, aprende-se que os quatro piscas são o prato do dia, usa-se de manhã até à noite. Ora, apetece-me beber um cafezinho, faço o quê? Simples, encosta-se o carro junto ao estacionamento, mas nunca estacionado numa vaga! De seguida, liga-se os quatro piscas e está-se imune a qualquer situação. Viu a vizinha do quarto andar? Sem problema, é só ligá-los e está resolvido.
Por vezes, sentada no lugar do passageiro, não compreendo as regras relacionadas com os semáforos. Se fica verde, no exato milissegundo em que a luz acende, já se ouve uma buzinadela do carro de trás. Porém, quando fica amarelo, seguido da cor vermelha, parece que entrei numa corrida de Fórmula 1 ao vivo, a ver quem passa o sinal antes que algum velhinho atravesse a estrada, vagarosamente.
Ao fim de 16 anos no lugar do passageiro, aprendi não só como reclamar com o carro da frente, mas também que estou apta a conduzir nas estradas portuguesas, visto que nunca bati no carro da frente, na Kidzania, enquanto acenava aos meus pais.
Marta Dias
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https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/0a/2019/04/03/
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A futilidade dos desfiles de moda
Sou uma pessoa prática e útil, que não gosta de perder tempo com futilidades, ou coisas superficiais, inúteis ou apenas materiais.
É isso que vejo nos desfiles de moda ou na passerelle, onde um bando de rapazes e raparigas tentam passar determinados estereótipos. Alguns são escravos da sua própria imagem, não comem para não engordar, ou vomitam para se saciar, mas não alterar a sua imagem. Às vezes penso que estas pessoas não são sensíveis, que vivem num mundo que idealizaram e que apenas se preocupam com roupas, malas, sapatos, jóias, idas ao cabeleireiro e à manicura, com revistas cor-de-rosa, em fazer dieta, em usar maquilhagem, colocar botox ou fazer “upgrades” à custa do silicone.
Enganem-se aqueles que pensam que isto é exclusivo das mulheres. Pois, estão enganados! O mundo está cada vez mais cheio de homens fúteis, que seguem afincadamente as novas tendências em termos de relógios e que investem uma boa quantia de dinheiro em modelos caros para exibir no trabalho e entre amigos, que fazem dieta controlada em termos calóricos, que consomem papas e batidos em substituição de algumas refeições e que fazem exercício físico para desenvolver a massa muscular. E a massa encefálica? Não, essa fica para trás, apenas aprofundam conhecimentos sobre automóveis, motas, consomem medicação, vitaminas ou submetem-se a cirurgias plásticas.
Esta gente não vive na realidade, só mostra meia verdade.
João Paulo Lopes
Imagem:
Brice Perrochon, 2009, Olinda, Pernambuco, Brasil
A loucura de ir às compras
Ir às compras em si já é uma proeza, mas quando se fala em ir às compras de roupa, a ousadia é inimaginável. Se nos focarmos na conduta de cada um, enquanto nas lojas, podemos encontrar vários tipos de pessoas.
Um dos principais tipos de pessoas com que nos podemos deparar são os indivíduos que estão cheios de pressa, digamos aqueles, por exemplo, que têm de comprar um outfit de última hora para usar num grande evento social. Utilizam a tática de empurrar todos os que se esbarram contra eles, numa tentativa de ver todas as peças de roupa que acham giras num curto espaço de tempo. Outro comportamento comum neste grupo de sujeitos é o de pegarem num artigo e metê-lo no lado oposto da loja donde deveria estar.
Outro tipo de indivíduos que podemos encontrar nas lojas são os que andam devagar e não sabem o que querem comprar. Estes, ao contrário dos outros que eu já referi, querem ver todas as peças que acham giras ou minimamente interessantes, no maior espaço de tempo possível, passando, no mínimo, trinta minutos por artigo. Outra diferença que estes conjuntos de indivíduos têm entre eles é que um deles empurra as pessoas de forma a movimentarem-se dentro da loja muito rápido, enquanto os outros são os empurrados, pois caminham extremamente devagar ou simplesmente param no meio de um corredor cheio de pessoas.
Em conclusão, ir às compras é uma situação extremamente stressante, especialmente num sítio apinhado de pessoas. E, por mais que as pessoas tenham comportamentos que testem a nossa paciência, o máximo e o melhor que podemos fazer é respirar fundo e não recorrer à violência.
Maria Carolina Ramalho
Imagem:
Seth Globepainter, Grenoble, França
Manhãs filosóficas
São sete e trinta da manhã e dou comigo enfiada numas calças e numa sweat, ténis “vans”, cabelo molhado e despenteado, a caminho da escola, no banco de trás do carro.
De repente, percebo que a viagem que iniciei, num trajeto de poucos minutos, se transforma num verdadeiro best-seller. E temos de tudo: miúdos ensonados que gritam e choram desalmadamente, entre uma bolacha e um pacote de leite com chocolate; senhoras que retocam a maquilhagem e travam a dois milímetros do para-choques do carro da frente; cavalheiros que fumam tanto que parecem autênticas chaminés de uma fábrica industrial e condutores que “limpam o salão, antes do baile começar” e o semáforo abrir.
Nestes dois ou três quilómetros já percorridos, podia pensar que estava no último capítulo, mas eis que desperto com o buzinar estrondoso do autocarro, obrigado a parar o trânsito, graças aos veículos de seres egoístas que ocupam a paragem, de maneira a impossibilitar a entrada e saída dos passageiros.
Entretanto e não esquecendo, ainda temos as discussões entre condutores, reclamando o dom da sabedoria, dando uso a todos e mais alguns termos do mais puro calão (que me leva a querer tapar os ouvidos, com medo de ferir a minha mente com tão “culta” melodia).
Finalmente, começo a ver o portão da escola, num misto de alívio e exaustão, despeço-me da tormenta matinal e preparo-me para novas aprendizagens.
Sofia Carvalho
Imagem:
"Mundano", Marginal Pinheiros, São Paulo, Brasil, 2008
Gente de mente fechada à chave
Somos envolvidos por muitas pessoas – sejam elas de mentes abertas, entreabertas ou semicerradas (o que mais lhes convir), ou ainda fechadas. Ter variedade de abertura mental no que toca ao nosso ambiente é algo bom, algo que pode ajudar-nos a entender quem queremos ser e como queremos mostrar quem somos. Porém, existe um tipo de pessoas quase intolerável: gente de mente fechada à chave.
Quem é esta gente? São pessoas obstinadamente confortáveis no seu lugar ao Sol, para quem o progresso pelo mero progresso deve ser desencorajado. Pequeninos, irritantes e vilipendiosos, seres que trazem nada para além de ódio e egolatria. Isto tudo sem exagerar, claro. Dentro desta categoria há muitos tipos de indivíduos, como as intermináveis alíneas num teste de uma disciplina qualquer. Existem aqueles que são assim e não se apercebem, ignorantes ao estado do mundo. Existem os que são assim e gostam de o mostrar, também ignorantes (até mais do que os anteriores) e inúmeros outros com diferentes tons de ignorância. Mas há, claramente, o pior deles todos: aqueles que sabem muito bem aquilo que estão a fazer, com os seus charmosos jogos de palavras, a sua paixão ardente a um específico ideal e a sua persuasão sorrateira dos que não entendem ao certo porquê, mas sentem-se tentados a entrar em hipnose.
Assim, talvez o melhor seja escolher com exigência quem queremos ter ao nosso lado e ter em atenção se respeitam ou se seduzem.
Carlota Pataca
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Os “Legolas” do WC público
Caros leitores, venho por este meio trazer à tona um defeito da sociedade que não é suficientemente falado, que perdura há demasiado tempo e que tem de ser resolvido: as condições do WC público masculino (não falarei das condições dos WC femininos, porque as desconheço).
Há uns dias atrás, fui ao balneário na escola. Abri a porta de uma cabine e deparei-me com uma poça de urina, cujo aroma era tão agradável que achei que era perfume, à frente da sanita. Enojou-me. Contudo, não me surpreendeu. Este tipo de situações são recorrentes. Apenas suspirei e pensei: “A cada dia que passa, mais longe de Deus estamos.”
Quem é que merece passar por tragédias destas? Quem é que tem a audácia e a destreza de deixar as casas de banho assim?
Em Isaías 42:18 está escrito o seguinte: “Surdos, ouvi, e vós, cegos, olhai, para que possais ver”. Ora nem mais! Apelo à vossa amabilidade para por favor olharem para aquilo que estão a fazer.
De facto, acontece a todos descuidarem-se de vez em quando, mas de maneira alguma é aceitável não corrigir a trapalhada (até porque se pode lavar as mãos logo de seguida) e desleixar-se de tal modo que chegam vestígios de dejetos à parede da cabine. Por ventura “Legolas” falhava os seus alvos deliberadamente?
Concluo dizendo que não há necessidade de criar uma amostra do que eram as câmaras de gás em Auschwitz durante a segunda guerra mundial. Não é ético.
David Dias
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Pessoas que andam devagar
Que atire a primeira pedra quem nunca ficou à beira de um ataque de nervos por ter alguém extremamente lento a andar à sua frente na rua, mas façam-me o favor de atirar a pedra a essa pessoa e não a mim, pode ser?
Tenho a certeza de que já todos passámos por um momento de raiva ligeira, graças a uma pessoa que está a andar muito devagar à nossa frente. Se não te identificas com esta situação, lamento informar-te, mas é muito provável que tu sejas essa pessoa! No entanto, há que pensar positivo e a verdade é que podias ser uma daquelas pessoas que ocupam o passeio a andar com os sacos das compras, que são só levemente mais incómodas do que aqueles que caminham lentamente pela via pública.
Perante este ultraje social, fui obrigado a refletir de modo a inverter esta circunstância, até porque sou um indivíduo do bem e só valorizo eventos realmente importantes. Cheguei à conclusão de que a melhor solução seria fornecer um par de patins aos fulanos com “dificuldades” de locomoção. Contudo, não seriam uns patins normais, teriam que incluir umas asinhas “estilo Astérix” para as subidas, obviamente.
Apesar de tanta crítica, faço um apelo para que estes cidadãos não sejam excluídos da sociedade, porque eles têm sentimentos (não parece), apesar dos surtos psicóticos que nos proporcionam (mas têm).
Rúben Leal
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O nosso olhar através da imagem
Cartoon
JEAN PLANTUREAUX (PLANTU), Grande Prémio, França
XXII PORTOCARTOON
Neste cartoon realizado por Jean Plantureaux são-nos apresentadas duas perspetivas de vida.
Podemos observar duas realidades: uma que luta pela sua sobrevivência e outra que observa a pobreza alheia sem intervir. O destaque desta obra são os sobreviventes com os refugiados, tendo em conta que França é um dos países que mais acolhem essas pessoas. Os refugiados, que são destacados com cores sobre um fundo preto e branco, não têm direitos iguais a qualquer cidadão do mundo. Eles são colocados em centros criados especialmente para eles e, muitas vezes, acabam por falecer ou sofrer maus tratos. A maior parte dessas pessoas vem de países em guerra ou tenta procurar por direitos e igualdade, mas o que encontram? Pobreza e desprezo.
Os grandes observam os pequenos como se estivessem num espetáculo. Os grandes estão confortáveis naquelas vidas pintadas e pouco nada os incomoda para que façam qualquer coisa que altere o que observam. Deste modo, a mera realidade para muita gente é evidenciada: o desprezo pela vida humana. Todos observam. As pessoas no metro e nos restaurantes são telespectadores, realçando, assim, a beleza e a riqueza da cidade com as suas casas e o símbolo de Paris, a torre Eiffel, mas, em baixo, emerge a feiura da mesma: os que lutam por um pouco dos mesmos direitos. Não são regalias ou privilégios por ser uma casa, comida ou um bom emprego. São necessidades e direitos básicos!
Face a isto, o mundo ainda tem de evoluir bastante, não só em avanços tecnológicos, mas também em valorizar os direitos básicos das pessoas, apoiando os que mais necessitam.
Leonor Alves
O cartoon vencedor do Grande Prémio do “PortoCartoon 2020”, da autoria de Jean Plantureaux, tem como tema principal a fome, a pobreza e a desigualdade. A imagem retrata vários grupos de pessoas em barcos. No entanto, algumas encontram-se fora do mesmo e outras tentam escalar árvores e vias inapropriadas para chegarem ao topo, onde há elementos de uma cidade desenvolvida: o metro, os edifícios e a Torre Eiffel de Paris. Algumas pessoas trazem roupas coloridas e uma “mala” de pano, outras carregam bebés às costas e outras estão a afogar-se.
Deste modo, o caráter detalhado da gravura permite destacar que esta se relaciona com temas da atualidade que não têm tido a importância que merecem, sendo, então, a desigualdade de classes, a fome e a pobreza que fazem com que as pessoas saiam do seu próprio país para tentarem ter uma vida melhor e que, para isso, têm de ser humilhadas ao passarem por situações como a do cartoon: entrar num país/continente por vias ilegais.
Ao tentarem "ascender'' a estes países/continentes, estas pessoas, estes refugiados têm as suas vidas em perigo pelo que, a partir das pessoas afogadas, nos é permitido deduzir que as mesmas perdem a família neste processo que, em pleno século XXI, ainda existe. As cores retratadas pelo autor são realistas, uma vez que as pessoas figuradas podem ter origem africana, sendo, portanto, elementos de sua cultura, daí o predomínio do vermelho, do rosa, do amarelo e do azul.
Em suma, este cartoon é, de facto, um elemento de reflexão por parte de quem o vê, pois são problemas que, por mais estranho que seja, também nos dizem respeito, tendo, assim, um cariz social e cultural.
André Marques
No cartoon de Jean Plantureaux, destacam-se, maioritariamente, pessoas que estão à procura de uma vida melhor e, por isso, encontram-se representadas com cores vibrantes que permitem simbolizar a euforia das mesmas ao saberem que há uma possibilidade de melhorarem as suas condições de vida.
Observamos barcos lotados, pessoas a treparem árvores com o objetivo de alcançarem o que ambicionam - uma vida melhor; mas também pessoas mortas, que pereceram a tentar concretizar os seus desejos.
No plano superior do “cartoon”, existe um elemento representativo de França, que simboliza a passagem destas pessoas, mais concretamente dos refugiados, para a Europa; há também pássaros que permitem destacar a liberdade que estes seres poderão ter num futuro próximo; um metro representado a verde traduz a esperança que habita nestes humanos; e uma nuvem com um sol por trás também representa a luz de uma vida melhor.
Sendo assim, verificamos a existência da desigualdade, da fome e da pobreza que se encontra evidente quando existem refugiados a tentarem melhorar a sua qualidade de vida e, por outro lado, há pessoas que usufruem de bens supérfluos, evidentes através da pessoa no topo do “cartoon“, tecnicamente com qualidade de vida, visto que está a aproveitar o seu tempo livre, na sua varanda, dentro da sua casa.
Sem dúvida que não estou de acordo com a maneira como tratamos os refugiados, sendo que todos temos o direito à vida, todos somos gente, portanto, eles também merecem uma oportunidade.
Em conclusão, acredito que este cartoon possa vir a mudar as nossas ações, porque passa uma mensagem forte e mostra-nos que nem todos temos uma vida facilitada: há tanta gente a passar dificuldades e vivemos enclausurados no nosso mundo que nem fazemos ideia das necessidades dos outros...
Catarina Miranda
O cartoon que nos é apresentado é da autoria de Plantureux, um cartunista francês. O tema baseia-se na ``fome, pobreza, desigualdades´´ e foi exposto em `` Virtual Exibition -XXII Porto Cartoon´´.
Nesta ilustração podemos ver uma referência à França, figurada através do Torre Eiffel, devido à quantidade de imigrantes que para lá se deslocam. No ``cartoon ́ ́ está representada a desigualdade, pois temos pessoas em casa, no metro/comboio enquanto existem pessoas em embarcações a morrer, uns que não cabem nos barcos e/ou são atirados ao mar, ou caem, ou tentam sobreviver agarrando-se a algumas superfícies. Mas o que se observa mais são as pessoas à janela ou no comboio com um ar muito espantadas, que, em vez de ajudarem, deixam-se ficar a observar.
Através da imagem, depreendemos que estes imigrantes não têm posses e que muitos deles emigram só com a roupa que têm no corpo, sem dinheiro, sem comida. Eles não têm nada e isso é uma triste realidade, mas é a do mundo em que nós vivemos. Um barco não chega para muita população, as mulheres morrem a tentar salvar os filhos, os filhos morrem, crianças morrem, os homens morrem.
Neste cartoon as cores predominantes são o verde (no comboio) e algumas cores no vestuário dos emigrantes, como o vermelho, verde e azul, sendo que no resto da imagem predomina o preto e o branco, enfim, cores fortes e tristes que traduzem a ambição e o sonho, mas também a dor e o sofrimento que vivenciam para alcançarem uma vida melhor.
Plantureux faz uma crítica, nomeadamente aos humanos, à população, pois no mundo, no nosso mundo, nada é um mar de rosas, isto é, já devíamos ter aprendido a ajudar sempre o próximo, porque, sim, podemos ter comida na mesa e um teto, mas existe quem não tenha a ajuda, e um dia pode acontecer o inverso, por isso , sempre que tomamos uma atitude, devemos pensar no próximo. Perante a mensagem apresentada, acho que este cartoon tem todos os componentes para ser o vencedor do grande prémio do Porto Cartoon 2020.
Lara Gomes
No cartoon ilustrado por Plantureaux, está representada a França, através da Torre Eiffel, sendo que num plano mais geral incide nos refugiados que tentam encontrar neste país um estilo de vida melhor.
A imagem demonstra a pobreza, a fome e as desigualdades humanas. Na parte de baixo da ilustração que contém três barcos, percebemos que os mesmos estão cheios de pessoas e que na água estão pessoas a pedir ajuda e outras já se encontram mortas, porém estas estão com cores muito alegres nas suas roupas, tanto as que estão no barco como na água, pois têm esperança de que as suas vidas sejam melhores quando alcançarem os seus objetivos. Na parte de cima da imagem, verificamos que as cores são todas a preto e branco, o que traduz a indiferença dos que observam, porém, o comboio tem uma cor verde, o que remete para a esperança e a felicidade.
Nesta imagem chegamos à conclusão de que estão representadas as diferenças sociais, pelo facto de verificarmos que existem pessoas com roupa rasgada ou até mesmo descalças e que precisam de ajuda e depois há aquelas que estão a salvo e com roupas boas.
Portanto, esta ilustração é muito importante, pois mostra um pouco do mundo de hoje, uns com tanto e outros com tão pouco, e os que têm pouco tentam ser felizes com o que têm e tentam lutar para serem felizes e encontrarem algo que lhes dê estabilidade.
Com este cartoon podemos concluir que o mundo está dividido em duas partes: os que que conseguem ter pelo menos uma casa, porém não são felizes, e aqueles que são felizes, apesar de não terem condições.
Carolina Soares
Fome, pobreza e desigualdades
Este cartoon foi criado por Jean Plantu, aborda o tema da fome, da pobreza e das desigualdades e foi exibido no “Virtual Exbition-XXII Porto Cartoon‘’, onde ganhou o grande prémio “PortoCartoon 2020‘’.
Nesta obra podemos observar dois barcos sobrelotados e várias pessoas caídas no mar e outras a tentar trepar árvores e postes, tentando alcançar o comboio verde, que os levará para Calais, uma cidade de França, onde se costuma fazer a passagem de migrantes, que, certamente, é o que estas pessoas são.
Na minha opinião, o que está retratado, essencialmente, neste cartoon é a emigração ilegal, um tema bastante comum e delicado hoje em dia, pelo facto de os barcos estarem completamente cheios e haver pessoas caídas no mar e até algumas possivelmente mortas, como costumamos ver nas notícias que passam na televisão. O facto das pessoas estarem a tentar chegar ao comboio verde, penso que simboliza a esperança, pois é o que a cor significa, já os pássaros a voar no céu e o sol a aparecer, deduzo que signifique um novo dia, um novo recomeço, pois dizem que a cada nascer do sol é um novo dia, um novo caminho a percorrer. A causa destas emigrações clandestinas, do sofrimento destas pessoas é, essencialmente, a fome, a guerra, as desigualdades que passam no seu país, o que faz com que procurem uma vida melhor não só para si mesmas, mas também para os seus filhos e família.
No meu ponto de vista, todas estas coisas seriam desnecessárias, se as pessoas finalmente percebessem que estamos todos no mesmo barco e que precisamos pelo menos de ter as condições básicas para vivermos e que não vale a pena sermos gananciosos, tirando aos outros para darmos a nós mesmos, assim o mundo seria um lugar muito mais bonito e haveria menos sofrimento.
Diana Oliveira
“Fome, pobreza, desigualdades”, poderia Jean Plantureaux ter sido mais óbvio quanto a este tema? Este cartoon está preenchido de informação e de cor, pelo menos metade está.
Vamos começar de baixo para cima. O caos demonstrado na parte inferior do cartoon torna-se até complicado de ler, pois, se olharmos apenas de passagem, até parece uma animação infantil, porém, se olharmos com olhos de ver, vemos as ilustrações chocantes que nos podem impressionar. Neste “cartoon” vemos barcos, cheios até mais não, vemos pessoas nesses barcos, pessoas de cor, desesperadas para concretizar o seu “sonho europeu” e para dar uma vida melhor aos seus filhos. Também vemos corpos a flutuar na água; serão esses corpos de pessoas que caíram dos barcos? Ou corpos de pessoas que caíram enquanto trepavam as árvores e as colunas? Talvez até sejam corpos de pessoas que tentaram chegar ao seu destino a nadar, por mais ridículo que isso pareça.
Falando agora das pessoas, conseguimos ver que são pobres, algumas paupérrimas até, apenas com um saquinho na mão, outras com crianças e bebés nos braços e outras apenas levam os trapos que têm vestidos. Subindo os nossos olhos, começamos a perder a cor, fica tudo preto e branco e, por isso, menos definido. Nesta parte do cartoon também encontramos uma imensidão de gente, todas a olhar para baixo, uns olham do comboio e outros olham da paragem, mas uma coisa é certa, todos eles estão em segurança.
No topo do cartoon revela-se a Torre Eiffel, ou seja, todo este caos tem lugar em França, que é muito conhecida como um grande trampolim para os imigrantes entrarem na Europa. Vemos também várias mansões que representam a riqueza e temos o Sol a “espreitar” pela nuvem, um sinal de esperança, portanto.
Entrando no tema das cores, vamos começar pelo comboio, que é verde, cor da esperança, esperança de que todos estes imigrantes vindos de África e da Ásia (julgando pelos seus trajes) estão cheios. Na minha opinião, é utilizada a cor apenas na questão dos imigrantes para realçar o grande problema que estamos a viver em pleno século XXI.
Todo este conceito traz-me uma tristeza profunda, pois, mesmo não sendo eu ou os meus nesta situação, sei (mesmo que muito superficialmente) o que estes seres humanos passam, estas pessoas não vivem, elas lutam para sobreviver.
Concluindo, eu penso que há uma enorme discrepância entre os que lutam todos os dias por uma vida melhor e os que se queixam da presença destes lutadores no seu “território”. “Voltem para o vosso país”, dizemos nós, sentados no nosso sofá para cinco pessoas, enquanto assistimos as notícias numa televisão de polegadas infinitas. É fácil falar.
Rita Pereira
O “cartoon” apresentado foi criado por Jean Plantureaux, exposto no “Virtual Exibition-XXII Porto Cartoon” e tem como tema a “Fome, pobreza, desigualdades”.
Na imagem podemos ver diversas pessoas nos barcos, pessoas estas que ou caem do mesmo e vão para o mar, ou tentam escalar as árvores e os pilares da passagem de comboio, a fim de chegarem até ao mesmo. Mais acima são visíveis as quantidades de pessoas que conseguiram chegar até ao comboio ou até à estação ferroviária, que estão a olhar para baixo para conseguirem ver se as pessoas que se encontram nos barcos vão conseguir chegar até ao comboio.
No que toca às cores, penso que as utilizadas para colorir os passageiros dos barcos apontam para os seus países provenientes, onde estas pessoas não possuíam condições de vida favoráveis e viram nos barcos uma esperança de mudar de vida. O verde do comboio certamente que remete para a esperança, esperança de uma vida melhor, pois quem conseguisse apanhar o comboio, conseguiria ir para outros países da Europa e aí recomeçar a sua vida de uma forma mais favorável. Mais acima da estação são notáveis pessoas nas suas casas que não precisam de se preocupar em apanhar o comboio e em mudar de vida, pois são mais privilegiadas e com vidas bastantemente favoráveis.
Acredito que o “cartoon” representa de uma forma forma muito clara os imigrantes provenientes maioritariamente de África, que passam fome e que só querem melhorar de vida e buscar novas oportunidades.
Concluindo, a imagem representa bem o cenário atual em que muitos imigrantes morrem na tentativa de melhorar de vida e a população só olha e não fala nada sobre.
Weza Ernesto
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