Terapias do medo
"Eu aprendi que a coragem não é a ausência de medo, mas o triunfo sobre ele. O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas aquele que conquista por cima do medo."
Nelson Mandela
Os meus fantasmas
Os nossos fantasmas são o resultado dos nossos receios, dos nossos medos, das nossas preocupações, das nossas angústias, o medo de sonhar demasiado alto, o medo de fracassar, o medo de desiludir os outros. Se não soubermos lidar com os nossos receios, os nossos medos, nunca sairemos de uma zona de conforto, mas onde nada se passa, pois tudo se repete indefinidamente e sem sentido. Sempre o mesmo, sempre igual.
No meu caso, um dos meus grandes fantasmas é o medo de falhar e, devido a isso desiludir os outros, principalmente os meus pais e irmã, sendo que é por eles que eu faço tudo.
Eu pratico ginástica de trampolins e tive um momento, numa altura menos boa da minha vida, em que deixei de conseguir fazer praticamente todos os saltos que até à altura fazia. Treinava com colegas mais velhos e a maioria já executava saltos mais complexos. E com a pressão e o medo de falhar e de os desiludir, comecei a “fechar-me” e deixar de fazer muita coisa. Passados mais ao menos 2 anos, depois de perceber que era mesmo aquilo que eu gostava de fazer e que precisava na minha vida, decidi voltar e agora treino com novas colegas, quase todas mais novas e que veem em mim um exemplo. E tenho treinadores que fazem com que nunca desista nem tenha medo de mostrar do que sou capaz.
Ao longo do tempo, estou a fazer com que os meus fantasmas me impulsionem a mudar e a enfrentá-los, para que com eles consiga melhorar e aprender, todos os dias mais um bocadinho.
Ana Loureiro
Os meus fantasmas
O futuro é tão incerto, o desconhecido é inquietante. Quando penso nos fantasmas que me perseguem, lembro-me destes dois.
Os meus fantasmas deixam-me viver a vida, mas assombram-me em certas alturas com questões como: “Será que estou a fazer as escolhas certas?”, “Será que vou conseguir alcançar o que desejo?”. Não há forma de saber o que ainda está para acontecer, se vale a pena fazer tudo isto. Penso que esta incerteza do futuro e do desconhecido nos causa medo e indecisão, podendo levar-nos a deixar de acreditar ou lutar por algo.
Porém, não podemos permitir que os nossos fantasmas nos vençam, porque, mesmo que no final não consigamos o que queremos, como o nosso emprego de sonho, a escolha que tínhamos feito e o percurso até ela devem sempre dar-nos algo de bom. Então, o melhor é não desistir e continuar a ter esperança.
Concluindo, o futuro e o desconhecido podem atormentar-nos e não nos deixar realizar algo. Por isso, devemos tentar olhar além destes fantasmas e prendê-los longe de nós para que vejamos a esperança e a força de continuar, para que possamos acreditar que o que fazemos vale a pena, que é o certo e que vamos conquistar o que queremos e para que, assim, consigamos viver bem.
Ana Cardoso
O Sebastianismo na cultura portuguesa
O Sebastianismo é um movimento profético relacionado com o desaparecimento de D. Sebastião durante a Batalha de Alcácer-Quibir e o seu possível retorno para continuar a lutar contra os infiéis, pelo espírito da cruzada.
Na minha opinião, este mito é uma forma de encontrar esperança em situações de desespero, através do sentimento patriota dos portugueses. Porém, é possível que esta atitude esteja a desaparecer ao longo do tempo. Hoje em dia, devido à menor quantidade de guerras entre países e ao fenómeno da globalização, a necessidade de defender a pátria tem sido cada vez menor, ou seja, as pessoas não precisam de uma figura que salve a sua pátria. No entanto, é natural o ser humano ter fé no aparecimento de alguém que o irá tirar de uma situação de aflição, mas este papel é geralmente cumprido pela religião e a crença da existência de Deus. Por outro lado, o Mito Sebástico ainda é extremamente importante na cultura portuguesa e influente na criação de narrativas épicas, dramáticas e românticas.
Concluindo, eu diria que o Sebastianismo já não serve o seu propósito original, mas ainda é um fator importante na história de Portugal e na literatura no geral.
António Figueiredo
Os meus fantasmas
Todos nós temos fantasmas, coisas que nos atormentam, que nos angustiam, que nos preocupam, que nos pressionam. Cada um tem os seus fantasmas e eu contarei os meus agora. Os meus fantasmas, felizmente, não são traumas causados pela perda de um familiar, por traição ou outro acontecimento pesado. Posso dizer que, de certa forma, os meus fantasmas são preocupações do que pode acontecer num futuro próximo. Eu sou um adolescente, por isso, é normal que ansie o futuro, já que estes oito ou nove anos decidem os restantes da minha vida. Mas passando aos meus medos, tenho medo de falhar e, ao mesmo tempo, tenho medo de ter sucesso. O meu medo em relação a ambas as situações deve-se ao simples facto de não saber como hei de reagir. Se falhar, como me vou reerguer? Se for bem-sucedido, como vou lidar com isso? Como me impeço de cair? Tenho medo de ser pobre, porque a vida seria muito difícil, mas também tenho medo de ser rico, porque poderei sempre falir. Resumidamente, tenho medo de não saber o que fazer, porque gosto das coisas sob o meu controlo, assim é sempre possível ter planos B, se os primeiros não resultarem, sempre é bom estar prevenido. Apesar de ter medo, não deixo que isso me consuma. Temer faz parte do ser humano, torna os humanos mais…humanos. O medo faz com que sejamos ponderados e cuidadosos. Ter medo é bom, mas ser controlado pelos nossos fantasmas é mau, pois porque se chegar a esse ponto, já é meia morte.
Arnav Rana
Os meus fantasmas
Todos nós temos algo que nos atormenta diariamente. Muitas vezes esses “fantasmas” são difíceis de mandar embora, uma vez que estão sempre presentes ao longo da nossa vida.
Quando eu era pequena, o meu maior desejo era crescer. Agora que cresci, não sei porque tive tanta pressa. Hoje dou por mim a enfrentar o meu maior medo, o futuro. Sinto que tenho algo de uma enorme responsabilidade nas minhas mãos. Já para não falar dos “ses”, pois esses são os meus maiores inimigos. E se eu não conseguir alcançar o futuro que pretendo? E se tudo o que eu fizer não for suficiente?
A meu ver, a pressão do secundário contribui bastante para o meu tormento. É como se a minha vida se resumisse a um exame. Mas é muito mais que isso, eu sei que valho muito mais que um papel. O que me assusta é que esse simples papel pode definir o meu futuro… Não devia ser assim.
Concluo que, apesar de termos os nossos terrores, devemos aproveitar a vida ao máximo. Quando eu for adulta, tenho a certeza que haverá outra preocupação que agora não existe. A vida é mesmo assim, temos que aceitar e adaptar.
Beatriz Pinheiro
Medo do medo
O maior fantasma para o ser humano é o medo. Todos nós temos medos, uns que nos provocam mais impacto do que outros. Contudo, o maior erro do ser humano é deixar o mesmo dominá-lo.
Digo isto porque o medo impede-nos de arriscar. Talvez saltar de paraquedas seja algo que gostaríamos de fazer, mas como temos medo não saltamos. Por outro lado, ter medo é importante porque nos impede de sofrer. Conduzimos cautelosamente com receio de termos algum acidente.
Por estes motivos, o fantasma da minha vida é o medo. À semelhança de todos os seres humanos, eu tenho medo de imensas coisas, mas a principal delas é o medo de perder quem eu amo.
Ter este medo faz com que eu fique sempre a pensar em coisas más e nada disso é positivo para a minha vida, mas tudo se resume ao amor. Por outro lado, ter este medo faz-me aproveitar cada momento com as “minhas” pessoas.
Reunindo todas as ideias anteriores, penso que o limite é algo que devemos ter constantemente nas nossas vidas, ou seja, ter medo é saudável, mas tem que ser na medida ideal, caso contrário, será prejudicial.
Catarina Martins
Os meus fantasmas
O fracasso, a falta de reconhecimento dos meus valores e a existência ou ausência de sucesso, atormentam-me imenso psicologicamente.
O medo do fracasso refere-se ao medo de errar nas atividades do dia-a-dia e futuramente numa carreira profissional, pois os pensamentos negativos e a falta de coragem para fazer, expor e dizer algo começam a surgir. Quando eu falho, a minha vontade de lidar com o meu erro automaticamente diminui, tanto como a minha motivação, pois penso que não serei capaz de melhorar e caio no desespero.
A falta de reconhecimento dos meus valores e das minhas capacidades cria uma raiva e ódio, porque eu sei que possuo bastantes aptidões, por mais que não as demonstre. Em certos momentos, a insegurança permite que se produza uma incerteza em relação às minhas competências.
Quando desejamos alcançar o sucesso nas nossas vidas, independentemente da área onde se pretende alcançar, supostamente o trabalho duro, a persistência e a dedicação são a chave para tal. Mas adquirir essas atitudes e ações é na realidade difícil, uma vez que vivemos numa sociedade em que as opiniões e os comportamentos dos outros influenciam uma consciência, porque, por exemplo, se uma pessoa não acredita que eu irei ter êxito na minha vida, existe uma forte probabilidade de eu não acreditar que realmente terei sucesso e isso seria um grande transtorno e infelicidade, se eu não o conseguisse obter.
Concluindo, os meus fantasmas estão sempre presentes na minha mente e terá de chegar uma altura em que eu irei necessitar de os combater, caso contrário, irá impedir o avanço da minha vida e irá prender-me num mundo angustiante.
Cátia Perez
Os meus fantasmas
Cada um de nós tem arrependimentos que nos perseguem a vida inteira, os nossos fantasmas. Duvido que hajam exceções. Embora eu seja novo, já tenho aspetos da minha vida que teria abordado de uma forma diferente.
Olhando para este último ano, arrependo-me de não me ter empenhado mais na escola. Estava desprevenido, achando que seria um ano parecido ao anterior. Claramente, não foi isso que aconteceu. De um ponto de vista positivo, aprendi uma lição importante. Trabalho igual não é sinónimo de resultados iguais e já tomei as medidas necessárias para remediar este inconveniente.
Outro aspeto que também me assombra é a minha capacidade de relacionamento interpessoal. Falar com outros sempre foi algo em que eu senti dificuldade, nomeadamente com estranhos. Já perdi várias oportunidades devido a esta ansiedade e espero nunca me esquecer delas, pois, no futuro, poderei usá-las como um método de aprendizagem.
Concluindo, é inevitável que estes “fantasmas” nasçam em algum ponto da nossa vida. No entanto, devemos tratá-los sempre como uma forma de nos conhecermos melhor. Assim, podemos aperfeiçoar estas falhas para nos tornarmos numa pessoa melhor e mais bem-sucedida.
Daniel Rodrigues
O sucesso e os seus demónios
O medo é um sentimento muito presente nas nossas vidas, mesmo que não seja o mais desejado. O medo é um conceito bastante volátil, que possui inúmeras formas, tamanhos e, até certo ponto, uma própria personalidade.
Tal como já referi, o medo apresenta-se sobre diversas formas, dependendo de cada indivíduo. Uns podem temer a solidão, outros podem assustar-se com a escuridão, outros até podem ficar aterrorizados ao pensar na vastidão do interminável mar.
Quando penso naquilo que mais me angustia, naquilo que mais me atormenta, uma simples palavra chega para resumir tudo isso – falhar. O medo que sinto só de pensar em não conseguir corresponder às expectativas dos outros, às minhas próprias expectativas, é suficiente para me esmagar emocionalmente.
Desde novo foram esperados sucessos e realizações de mim, que nem sempre os sinto ao meu alcance. Entendo perfeitamente que são motivo para me instigar a tentar mais, a trabalhar mais, a querer mais, mas simultaneamente levam a grandes frustrações e desilusões quando não alcançados. Uma simples mas eficaz analogia para esse tipo de sensação seria imaginar um frágil par de asas que me levanta enquanto tento alcançar diversos sonhos, próprios ou impostos pelos outros, sem perceber o quão alto já me encontro do solo e o quão perto estou da minha inevitável e iminente queda, ao sentir as frágeis, porém puras, asas a quebrar-se com o peso das frustrações, lamentações e remorsos, que se vão acumulando.
Tendo em conta toda essa insegurança do futuro que me espera, do olhar desapontado dos outros, ou até de uma possível desilusão, nem tudo é infernal. Enquanto humanos, acredito fortemente que o medo faz parte da nossa própria essência. Até certo ponto, como tudo na vida, é saudável sentir esse tal tormento. Está na base da sobrevivência, não apenas pessoal, mas enquanto espécie. O mais importante desta relação é controlar esse medo e não nos deixarmos dominar pelo mesmo. Está na base de um sistema de poder emocional que apenas se conquista a partir da luta contra o que nos angustia, assim afastando-o, mas nunca podendo exterminá-lo.
Por fim, acho conveniente acabar num tom positivo e esperançoso, depois desta longa confissão, ao relembrar a importância do medo na nossa vida e a necessidade de mantê-lo sob controlo.
Dragos Burlui
Os meus fantasmas
No meu ponto de vista, a maioria das pessoas na nossa sociedade tem os seus fantasmas, ou seja, ressentimento de atitudes, sentimentos ou relações que elas tiveram ou poderão ter com as outras pessoas.
A meu ver os fantasmas representam o medo, a preocupação e a angústia de uma pessoa. No meu caso, tive e ainda tenho os meus fantasmas. Antigamente ficava preocupado e questionava-me se no futuro continuaria a ter todos os meus amigos de infância, já que sentia um grande afeto por eles. Do meu grande grupo de amigos, perdi muitos, mas hoje vejo de uma outra forma, não é a quantidade de amigos mas sim aqueles que me fazem sentir bem. À medida que vamos crescendo, vamos superando alguns e ganhando outros. Hoje o meu maior medo é o meu futuro, ou seja, como eu conseguirei sobreviver no mundo adulto. Questiono-me muitas vezes sobre o que farei se nada der certo, mas neste caso acho que só conseguirei uma resposta ou terei uma certeza, quando entrar nessa área.
Para terminar, penso que temos muitas vezes de enfrentar as situações para podermos ver de outra forma e conseguir ultrapassá-las.
Eduardo Carvalho
Os meus fantasmas
O medo é um sentimento que nos acompanha ao longo da vida. No entanto, dependendo do momento pelo qual estamos a passar, alguns "fantasmas" atormentam-nos mais do que outros.
A morte e o futuro são duas coisas que me preocupam bastante.
Acredito que o receio de tomar decisões erradas e que prejudicam o meu futuro, me vá acompanhar durante o resto da vida. A meu ver, é normal termos medo do que nos espera, desde que não fiquemos desesperados por não sabermos se estamos a seguir o caminho certo. Tento lutar todos os dias para não pensar demasiado nisso porque, afinal, se pensarmos apenas no que nos pode acontecer, nunca vamos aproveitar os momentos felizes que vivemos.
A morte é outro fantasma que me assombra, por ter medo de perder as pessoas importantes da minha vida, por pensar que nunca vou saber quando vai ser o último abraço ou o último momento que vou passar com as pessoas que me fazem feliz. Mas na vida vão existir muitas perdas e o importante é aproveitarmos ao máximo todos os segundos com aqueles que amamos.
Concluindo, não podemos deixar que os nossos fantasmas nos prendam. A vida é demasiado curta para deixarmos de aproveitar os momentos felizes, por causa dos nossos medos e daquilo que nos atormenta.
Mafalda Inocêncio
Os meus fantasmas
O medo é um sentimento que nos acompanha ao longo da vida. No entanto, dependendo do momento pelo qual estamos a passar, alguns "fantasmas" atormentam-nos mais do que outros.
A morte e o futuro são duas coisas que me preocupam bastante.
Acredito que o receio de tomar decisões erradas e que prejudicam o meu futuro, me vá acompanhar durante o resto da vida. A meu ver, é normal termos medo do que nos espera, desde que não fiquemos desesperados por não sabermos se estamos a seguir o caminho certo. Tento lutar todos os dias para não pensar demasiado nisso porque, afinal, se pensarmos apenas no que nos pode acontecer, nunca vamos aproveitar os momentos felizes que vivemos.
A morte é outro fantasma que me assombra, por ter medo de perder as pessoas importantes da minha vida, por pensar que nunca vou saber quando vai ser o último abraço ou o último momento que vou passar com as pessoas que me fazem feliz. Mas na vida vão existir muitas perdas e o importante é aproveitarmos ao máximo todos os segundos com aqueles que amamos.
Concluindo, não podemos deixar que os nossos fantasmas nos prendam. A vida é demasiado curta para deixarmos de aproveitar os momentos felizes, por causa dos nossos medos e daquilo que nos atormenta.
Mafalda Inocêncio
Os meus fantasmas
Através de uma letra que pede socorro pelo livramento daqueles tormentos, acompanhada de uma voz grave e angustiada, Pedro Abrunhosa canta a música “Quem me leva os meus fantasmas”, a qual fala dos tormentos e medos que levamos na nossa vida.
Muitas vezes, até quando menos espero, aquele pequeno mas grande tormento ataca-me, deixando a pairar no ar uma sensação de medo, desconforto e até desacreditação. Pois bem, a esses tormentos eu chamo de “bola de neve”. Começa com algo insignificante, como uma pequena bola de neve e, de repente, bum… ali estou eu enterrada debaixo de uma avalanche.
Ao contrário do que Pedro Abrunhosa diz, eu acredito que estas bolas de neve na minha vida sejam necessárias para o meu crescimento pessoal. No meu caso, o meu maior tormento é o fracasso e ,quando esta avalanche me devora, tenho apenas duas opções: escavar até chegar ao de cima, ou deixar-me ficar presa, só eu e o meu fracasso. E eu escolho lutar e mostrar que esta insignificante bola de neve não passa apenas de um pequeno cubo de gelo para a minha limonada.
Todos enfrentamos estas benditas bolas de neve diariamente, mas cabe a cada um de nós decidir se vamos desistir de as combater ou usá-las para refrescar a nossa limonada.
Marta Dias
Os meus fantasmas
Eu penso que o ser humano nasce apenas com dois medos, o medo de cair e o medo de barulhos altos. Todos os outros são apreendidos.
Toda a gente tem os seus medos ou pelo menos alguma coisa que as atormente. Para mim, é a incerteza. Eu sei que parece estranho, mas o facto de não saber o que vai acontecer ou de, simplesmente, não saber quantas pessoas vão estar numa festa, incomoda-me imenso. A verdade é que sou paranoica. Sempre que entro numa divisão, penso, imediatamente, em formas de fugir se alguma coisa acontecer. Calculo todos os cenários possíveis e todos os passos que tenho de seguir para conseguir lidar com qualquer situação. O meu coração está sempre acelerado e o meu cérebro sempre pronto para tudo. Não sei bem o que causa este stress todo que tenho a toda a hora, talvez tenha algum trauma que desconheça ou talvez seja apenas um mecanismo de defesa. Não sei o que desencadeia este comportamento, mas uma coisa sei, estou sempre em alerta, quer esteja à beira de um penhasco, quer esteja a dormir.
Os meus fantasmas
O título “Quem me leva os meus fantasmas” originou da música de Pedro Abrunhosa que fala dos nossos medos ou algo assustador que atormenta a nossa vida.
Os meus “fantasmas” são a solidão e a opinião das pessoas ao meu redor sobre mim próprio ou as minhas ações. Estes meus medos estão de certo modo sempre presentes no meu dia-a-dia. Eu não consigo expressar-me ou fazer algo mais exuberante à frente de inúmeras pessoas devido ao meu receio do que elas possam pensar de mim. Apenas faço-o na presença dos meus amigos mais próximos, familiares e quando sou obrigado. A solidão, porque eu passo algum tempo sozinho, dentro do meu mundo, fora da realidade, então quando os meus familiares ou amigos partirem, mais sozinho ainda irei ficar neste mundo, sem ninguém com quem eu possa partilhar o que vai dentro de mim… Perder o medo de ser tímido é a minha única escolha a fazer, mas o meu “fantasma” não se desprende de mim, quanto à solidão não há muito que se possa fazer, a não ser parar de ser tão introvertido e ser mais aberto com as pessoas para que me possam conhecer e vice-versa.
Todos nós temos fantasmas na nossa vida e precisamos de saber enfrentá-los, para que consigamos aproveitar a nossa vida ao máximo e não nos podemos deixar ir a baixo por causa deles.
Tiago Pascácio
O Sebastianismo na cultura portuguesa
A meu ver, ainda existe alguma presença do Sebastianismo em Portugal.
Eu tenho esta ideia, pois muitas vezes na sociedade portuguesa no é dado a entender que, quando existe algum tipo de problema, a população e, até mesmo, as pessoas que ocupam cargos de poder importante no nosso país parece que estão sempre à espera que venha algo ou alguém que solucione todos os problemas pelos quais estejamos a passar e que, em casos de crise política, salve a pátria. Em vez de tentarem solucionar o problema, ficam à espera que algo os salve, ou seja, de um milagre.
Um bom exemplo disto é a crise pandémica, causada pela Covid-19, pela qual atravessamos neste momento. Durante este tempo, muitas vezes, foi-nos dado a entender que o governo e o povo português se preocupavam mais com a chegada de algo milagroso para ajudar, do que propriamente tentarem eles mesmos encontrar soluções para os problemas económicos e sociais causados por esta pandemia. Um destes casos é o da “bazuca europeia”, pois ao saber que essa ajuda viria, o governo e muitos outros portugueses não mais se preocuparam em tentar arranjar soluções, ficando simplesmente à espera que esta chegasse.
Tendo em conta que mesmo hoje em dia a população portuguesa continua à espera, muitas vezes, que algo milagroso venha ajudar em vez de tentar resolver os problemas por si própria, eu penso que o Sebastianismo ainda está presente hoje em dia neste povo.
Tiago Rodrigues
Os meus fantasmas
Não tenho uma grande história de vida para ter “fantasmas” que, de certa forma, me perseguem, e que não consigo me livrar deles, mas tenho algo que me incomoda, que me inquieta.
As incertezas que o futuro me traz, é algo que me deixa ansiosa.
Sempre fui uma rapariga que gosta de ter tudo planeado, com 12 anos já sabia o que queria seguir, que faculdade é que iria escolher e em que país gostaria de viver. Óbvio que, com 18 anos, todos esses planejamentos mudaram, mas era só para terem uma noção.
Com 18 anos tudo me preocupa muito mais a vida adulta está cada vez mais próxima, os objetivos que tenho deixaram de ser só objetivos e tornaram-se em medo, medo de falhar e não alcançar aquilo que quero, pois, a pressão que todos temos nas costas é horrível, é a pressão de escolhermos o nosso futuro e de sermos bem-sucedidos com a nossa escolha.
A incerteza de ser alguém bem-sucedido, a incerteza de que terei um futuro promissor, a incerteza de que serei alguém que não irá acabar como tantos outros, no desemprego, depois de tantos anos a dedicar-me para que isso mesmo não aconteça.
Talvez esteja a ser um pouco dramática, mas na realidade é assim que me sinto hoje em dia vemos tantas pessoas que passaram grande parte da vida delas, a estudarem, a formarem-se, que tinham tudo para terem um futuro promissor e que depois não são ninguém a nível profissional e obviamente que isso influencia a sua vida pessoal.
A incerteza do futuro, a incerteza do falhanço é algo que tenho que aprender a saber lidar, pois, pensando bem, nenhum de nós soube como é que iriam-nos sair nos exames da faculdade ou no primeiro dia de trabalho, simplesmente foram, e deram o seu melhor. Talvez o pensamento tenha que ser mesmo esse, de que, independentemente do que o futuro me possa trazer, tenho que dar sempre o meu melhor e que talvez a incerteza se torne em certeza.
Joana Quintas
Os meus fantasmas
Sou jovem e, como tal, nesta fase da vida, sou imaturo, inseguro e, às vezes, irresponsável. Mas não tão irresponsável como alguma vezes os jovens são acusados. Tenho consciência que a vida é como uma moeda, tem duas faces, a face positiva ou cor-de-rosa e a face negativa ou obscura. Nesta última face pairam os meus fantasmas, as minhas preocupações que por acaso, não são poucas e que me atormentam. Neste momento, a minha preocupação prioritária é se valerá a pena ingressar no ensino superior.
Todos queremos ser doutores, mas depois chegamos à conclusão que o “canudo” não tem valor, que não conseguimos arranjar emprego ou, se o arranjamos, seremos trabalhadores precários, a recibo verde. Talvez a solução seja a emigração, mas ser emigrante nem sempre é favorável podemos resolver os nossos problemas económicos, mas depois deparamo-nos com a discriminação. Cada vez mais existe um fosso entre os países da Europa do Norte, ricos, e os da Europa do Sul, pobres. Para não pensar nas questões políticas como as ameaças na Europa à democracia e o crescimento dos partidos de extrema-direita. Apesar do nosso país se situar no cantinho da Europa, também já estamos a sofrer com a contaminação desta ideologia. Este é um dos meus fantasmas. Provavelmente, daqui a alguns anos, vamos perder uma das conquistas do 25 de abril, a liberdade de expressão e de pensamento. Como não sei estar calado e quieto, serei um emigrante ou um exilado político. A culpa disto tudo é dos nossos governantes, que denegriram a vida política e cuja conduta é pautada pela corrupção.
Outro fantasma que me assola, não menos preocupante, é a pandemia e o estado do nosso Serviço Nacional da Saúde. Todos estamos agradecidos aos profissionais da saúde, mas ninguém os valoriza, basta pensar na situação de três centenas de enfermeiros que serão dispensados, pois o número de contaminados devido à pandemia está a diminuir. Isto para não referir a lista de espera para consultas de especialidade e cirurgias. Estamos a deixar morrer pessoas com doenças oncológicas e outras patologias. Neste contexto, o problema da vacinação também não tem solução, os atrasos na produção e na sua distribuição, assim como o negócio entre as farmacêuticas e alguns países que oferecem valores superiores para a sua aquisição. A saúde afinal de contas não é um direito de todos, no nosso país e noutros, é só para quem pode pagar os serviços privados de saúde.
Não menos preocupante é o fantasma dos problemas ambientais, o aquecimento global, o degelo das calotas polares, a poluição atmosférica, sonora e dos mares, etc.
Estas são as incertezas e as dúvidas para as quais não obtenho respostas. Como dizia Manuel Alegre, uma das “guerras da juventude” é a insegurança sobre o futuro. De certeza que não sou o único a pensar nisto e a possuir estes medos e dúvidas. Uma coisa é certa, não vou baixar os braços, vou continuar a lutar para alcançar a felicidade e uma vida digna. Não me conformo com a inércia. Neste momento, espero completar os dezoito anos para ter direito ao voto e contribuir para a mudança de rumo do nosso país. Não vou ficar em casa, sentado no sofá, à espera que os outros o façam por mim. O futuro é dos jovens, não vamos admitir que nos roubem a vida!
João Paulo Lopes
Os meus fantasmas
Medos e angústias. Na minha opinião, dois dos ingredientes necessários para construir a alma de um ser humano, e todos nós os temos. Eu não sou exceção. Muita coisa me assusta, como por exemplo baratas, falar em público, interações sociais. Porém, estes medos são todos superficiais e nenhum me mantém acordada à noite, bem, a não ser que os tenha que enfrentar no dia seguinte.
O que não me deixa dormir, o que poderíamos chamar de “os esqueletos no meu armário”, são medos que estão sempre presentes comigo e na minha mente.
Um deles é a pressão que eu sinto, imposta pela sociedade e pelos seus padrões. Este medo faz com que perguntas como “será que deveria ser mais magra?”, “será que o meu cabelo seria mais bonito se fosse liso em vez de encaracolado?”, “será que os meus óculos me fazem menos bonita?” e “será que sou boa o suficiente?” surjam no meu cérebro sempre que olho ao espelho ou saio de casa. Outro medo que na minha opinião é muito mais perigoso que o anterior é a pressão, as expectativas que ponho em mim mesma. Pressão que coloco em quase tudo o que faço, pelo medo subjacente que tenho em falhar.
Morte, talvez o medo mais pesado e real que tenho. Morte é algo que me assusta profundamente. Assusta-me porque é a única certeza que possuímos. Penso que é um pouco irónico que a única certeza que temos na vida é que esta vai acabar. Tenho medo por não saber o que acontece depois. Medo que aconteça de repente e que eu não tenha tido tempo de alcançar todos os meus objetivos. Medo, porque é a morte que nos separa das pessoas e animais que amamos.
Apesar disto tudo, acredito, que estes medos, por mais aterradores que sejam, já façam parte de mim. São estes medos e angústias, tal como os meus sonhos e esperanças, que fazem de mim o que eu sou e são eles que constroem a minha alma.
Maria Carolina Ramalho
Os meus fantasmas
Atualmente, é com facilidade que encontramos bastantes problemas que podem afetar o futuro das próximas gerações, se medidas não forem tomadas de forma a diminuir ou até mesmo anular estes aspetos negativos.
A meu ver, temos problemas ambientais e/ou sociais que causam danos significativos no nosso mundo, não só para os seres humanos, como também para os animais que convivem connosco. Há mais do que um exemplo claro para este aspeto, mas vou referir-me apenas à poluição global, que considero um problema social e também ambiental. Falo deste assunto porque se tem tornado cada vez mais prejudicial para o nosso planeta e, sem dúvida, que os grandes culpados são os homens que se importam apenas com lucros ou gastos que têm. Considero que seja um problema social porque esta temática irá também afetar gravemente a saúde pública mas é, principalmente, um problema ambiental, dado que a acumulação de lixo e de gases poluentes, a alteração climática e outras consequências já afetam muito o nosso planeta e fazem com que sofra mudanças também.
Contudo, espero que no futuro estes problemas não sejam algo tão preocupante e que haja uma reviravolta porque, se persistirem, acho que nessa altura já serão irreparáveis.
Marta Fernandes
Os meus fantasmas
Se formos rever o meu passado e compararmos com o meu presente, muita coisa mudou. Uma delas foram alguns dos meus medos. Hoje em dia, eu já não tenho tanto medo de falar em público, conhecer pessoas e dar a minha opinião sem ter receio do que os outros vão pensar.
Mas, infelizmente, ainda tenho muitos fantasmas na minha mente. Eu tenho medo de não conseguir ser ninguém na vida, errar na escolha da minha profissão, não entrar na faculdade e ser infeliz. Mas o que mais me atormenta é o futuro que está relacionado com o medo de fazer escolhas erradas. Às vezes, como gostaria de ter uma bola de cristal!
Apercebi-me que os meus fantasmas fazem com que me impeçam de viver, por isso, vou lutando, pouco a pouco, contra eles, todos os dias.
Matilde Brito
Os meus fantasmas
Na verdade, os meus fantasmas só estão a aparecer agora pelo facto de eu estar na fase da adolescência. Passar pelo medo da rejeição dos colegas e amigos na escola, do fracasso na escola e na vida pessoal, da solidão e de saber que posso não conseguir realizar tudo aquilo que sonhei para mim e para a minha mãe estes são os meus fantasmas. Ainda estou somente no começo da vida, tenho muito para viver pela frente. Isso inclui crescer, amadurecer, errar, aprender com erros e seguir em frente. Porém, daqui a pouco terei que tomar decisões sobre o que eu quero para o futuro, que profissão quero seguir para o resto da vida e isso é o que me deixa com mais medo. todos me dizem ´´É SÓ..´´ escolher uma profissão que tu gostas e já está. mas isso não é tão fácil assim porque eu gosto de muita coisa e ainda não decidi. Com isso sinto que estou a ficar para trás em relação a outras pessoas. porém, entendi que cada pessoa tem o seu relógio e cada um faz as suas escolhas e tomada de decisões ao seu tempo. uns avançam mais rápido e outros mais devagar, mas cada um ao seu ritmo. A fase da adolescência é o período em que temos mais dúvidas, pois é uma fase de transição, escolhas, medos e questionamento em relação a tudo e mais um pouco. Por isso, se tivermos uma pessoa que nos aconselhe e nos ajude a ultrapassar essa fase será muito mais fácil.
Miscemira Malú
Os meus fantasmas
O facto de não saber o que quero seguir ou no que sou boa são dúvidas constantes na minha cabeça.
Sempre que me perguntavam o que queria ser no futuro não sabia o que responder. A resposta era quase sempre a mesma: “Ainda não tenho a certeza.”, depois um comentavam algo do género “Ah, não te preocupes, ainda tens tempo.” Mas tempo é algo que vai escasseando.
Estou no 11º ano do curso de Humanidades e tenho apenas UM ano para decidir o meu FUTURO.
É óbvio que pensei “no que queria ser quando fosse grande” e digamos que as opções são todas diferentes. Comecei por cabeleireira, em seguida designer de moda (que é algo que gosto, mas como hobby), depois designer de interiores (adoro decoração e, modéstia à parte, acho que tenho jeito) por último advogada, que há uns meses era uma certeza.
Acima de tudo, gostava de poder chegar a casa cansada, mas feliz. Evidentemente, que um bom ordenado no final do mês é uma motivação, mas de que serve se me sentir infeliz no fim do dia?
A motivação e a realização a nível profissional são muito importantes para o meu bem-estar físico e psicológico.
Sofia Carvalho
Os meus fantasmas
Os meus fantasmas certamente são as pessoas que me rodeiam. Os meus fantasmas começam a existir quando eu percebo que na sociedade, existe um padrão ao qual “devemos” pertencer para podermos ser completamente aceites. Dentro deste padrão, está definida a nossa orientação sexual, o nosso peso ideal e até mesmo o estilo ideal, o que produz uma guerra contra o espelho e gera uma certa auto rejeição, terrível. Os fantasmas também estão presentes na escola, pelo medo de não sermos aceites e não fazermos amigos, e em casa, pelo medo de dececionar os meus pais e não conseguir alcançar o futuro que eles planearam para mim, mesmo depois de tantos esforços.
Assim, os meus fantasmas são as pressões que existem sobre mim e que fazem com que a minha vida siga recheada de inseguranças e medos, mas eu faço sempre os possíveis por ignorar os fantasmas e por viver verdadeiramente como sou.
Tamara Sousa
A minha mini-crise existencial
Numa manhã bem normal, dei por mim a pensar sobre a morte, algo que já fiz várias vezes. Especificamente no que irá acontecer depois de morrermos, e sempre chego à mesma conclusão: nada. Mas naquela manhã, a minha mente não parou ali. Fui ainda mais longe.
Os nossos cérebros são incapazes de conceituar a não-existência, mas não significa que não podemos aproximarmo-nos dessa abstrata experiência. Naquela manhã, por um breve momento (daí “mini”), senti um arrepio aterrorizante, pois naquele breve momento, bastante diferente de qualquer breve momento da minha vida, cheguei a um entendimento do nosso destino inevitável, hipnotizante.
Com a mesma velocidade que o colossal arrepio adotou para invadir o meu corpo, fugiu. Em um sentido metafísico, aquilo que senti era belo, então gastei uma boa parte do dia a perseguir a morte (não literalmente). Algo que abrandou o meu progresso significativamente foi o facto de ter esquecido o meu comboio lógico, então teria de começar de novo.
A minha jornada para encontrar a melhor simulação mental da morte começou com o básico, imaginei nada, absolutamente nada, como já fiz inúmeras vezes antes, e o resultado não se alterou, não sentia nada. A primeira tentativa foi um fracasso. Tentei novamente. Imaginei o nosso mundo e o tempo a passar. Um bebé que começa a berrar, pois perdeu o braço do seu boneco favorito; uma senhora que agradece a Deus, pois encontrou uma solitária nota de dez euros no meio da rua e um humilde carpinteiro à procura do seu lápis, que se encontrava preso ao seu ouvido. Mas eu não estava lá. O tempo passa, vidas continuam, mas não faço parte de qualquer delas, pois este tempo não era para mim, para os mortos, e apenas posso observar, desde do momento em que o humilde carpinteiro encontrou o seu lápis até à última reação química da última estrela do vasto universo, e apenas posso observar. Esta tentativa fez-me sentir algo, mas não foi medo, então considero-a falhada.
Já estava perto de desistir, quando tive um momento “Eureka”. Quando uma pessoa (ateia) se pergunta para onde vai quando morre, a resposta é geralmente “nenhum sítio”, “nada”. E quando alguém simula isto, costuma ser um lugar completamente escuro onde todos os sentidos são privados de si. Mas como já tinha expressado, isto não trabalha em mim. Havia-me esquecido de algo muito importante: o pensamento. Em todas as minhas tentativas, a minha consciência ainda estava minimamente ativa. Tendo isto em conta, finalmente desenvolvi uma situação que me faz olhar para a morte de uma maneira diferente, de uma maneira mais tensa.
Imagine um local infinito, frio, onde nem existe o conceito de luz, e mesmo assim, uma coisa é visível: um túmulo, de pedra, igual ao de um rei do século XII, só que este é completamente liso. Grandes dimensões, aberto e transmitindo um sentimento de finalidade. De repente, este grande objeto fecha-se. Sem qualquer tentativa de o abrir, é óbvio que o estado em que atualmente se encontra será eterno. A distância aumenta lentamente, durante o período de tempo infinito, mas nunca, nunca sai de vista. A solidão é inegável, pois a única coisa que ocupa a sua consciência é o fecho do túmulo, de pedra, igual ao de um rei do século XII, só que totalmente liso.
Esta foi uma jornada filosófica ou outra cena, não sei, engraçada e bué “trippy”. Obviamente isto não funcionará para toda a gente, mas espero incentivar as pessoas a tentarem a mesma coisa.
Ademir Caetano
Os meus fantasmas
Todos temos coisas que nos fazem estremecer, por mais pequenas e irracionais que sejam. É inevitável e natural.
Julgo que as inevitabilidades que mais me assombram permanecem constantes no meu subconsciente, sendo elas uma combinação entre medo e dúvida. Gostava de dizer que sou parte daquela gente despreocupada, que não penso demasiado nas coisas, que não imagino todos os cenários possíveis elevados à potência do desastre. Mas não sou assim. Tenho medo do futuro. Tenho medo de perder tempo, de perder alguma coisa. Tenho medo de não vir a ser feliz.
Ao mesmo tempo, penso que é exatamente isso que, muitas vezes, me impulsiona. O “será que estou a fazer o suficiente?”, que ecoa sempre na minha cabeça, leva-me a (tentar) chegar mais longe – por muito que, talvez, não seja a maneira mais saudável de o fazer, o que também me assusta muito.
Por isto, creio que vivo numa interminável tentativa de equilíbrio destes meus fantasmas com a ideia de que eles, realmente, não existem fora da minha cabeça. O problema está, suponho, quando os primeiros se tornam mais pesados e me puxam com eles para baixo, como algo atado aos meus pés que me arrasta até ao fundo do oceano.
Carlota Pataca
O meu fantasma do passado
Eu gosto da pessoa que sou, às vezes. Não vejo mal nisso. Tenho a consciência limpa e por isso adormeço rapidamente e durmo como um bebé. Isto claro, quando não me vêm à cabeça memórias do meu sexto ano de escolaridade: o meu fantasma do passado.
No segundo ano do segundo ciclo, tornei-me no cúmulo da degeneração - pondo isto em termos mais simpáticos, num cancro na sociedade. Aposto que todos os dias, ao acordar, fazia-me perguntas do género «como é que neste belo dia de sol posso ser uma vergonha para o nome da minha família?» e «será que hoje devo ser novamente inconveniente, ou só demonstrar ausência de funções cognitivas em mim? E porque não os dois?». Até o pediatra mais experiente da UNICEF ficaria pasmado com a falta inconsciente de respeito próprio que aquele menino sórdido evidenciava.
Sucintamente, era alguém que queria entrar na “onda”. Para tal, chegava a melindrar colegas e amigos, só para ter a aprovação de gente tão útil para a comunidade, como a letra «s» é no nome Descartes. Ainda assim, nem isso conseguia: acabava por ser apenas uma espécie de “Emplastro” na visão deles. De facto, eu devia ter tentado entrar em mais ondas, mas nas da praia – de modo a ver se uma me levava e afogava.
Comecei a endireitar-me no ano seguinte. Acredito veementemente que a solução foi o “Bullying” que sofri nesse ano. “Bullying” é como a marijuana: nas proporções e nas alturas certas pode ser medicinal. Fui achincalhado bastante nesse ano, e com razão. Sofri ignomínias nas medidas certas: foram suficientes ao ponto de me incomodarem, mas também não tão severas ao ponto de me fazerem perder a alegria de viver.
Acho que não é problemático não gostar de si mesmo: é sinal de que se chegou à conclusão de que se pode ser melhor. Não valorizar aquilo de bom que nós próprios fazemos ou recusar-se a melhorar penso que é mais grave.
David Dias
Os meus fantasmas
Começo por escrever algumas palavras soltas enquanto os meus pensamentos se entrelaçam e tento perceber os fantasmas que mais me atormentam recentemente, pois é evidente que desde pequena fui rodeada por muitos.
Dos inúmeros receios, existe especialmente um que perdura e me sufoca tanto que sinto o bater do coração a aumentar rapidamente, tremo e fico angustiada sem conseguir controlar as minhas emoções. Esse assombro surge sempre, numa consulta médica, quando sou informada que tenho de realizar análises ao sangue, assim fico petrificada só de pensar em agulhas, sangue.... Interrogo-me porque tropeço neste fantasma e não consigo fugir, mesmo que prejudique a minha saúde e comprometa o meu bem-estar.
Deste modo, os fantasmas são inexplicáveis, misteriosos, aterradores e verdadeiros obstáculos, que nos dificultam vários momentos vivenciados ou nos roubam momentos futuros.
Eliana Antunes