O Mundo é um lugar-comum
Clichés, chavões, chapas, frases feitas, estereótipos...
Expressões triviais, banais, que se repetem frequentemente...
Salvos pelo gongo
As alterações climáticas são um tema densamente presente na atualidade, porém, ao que parece, tornou-se em algo demasiado banal no nosso quotidiano. Ao invés de ser um problema com o qual todos temos de nos preocupar, agindo para o contrariar, é parcialmente visto como uma consequência necessária da civilização avançada, que desaparecerá com a intervenção de hipotéticos “gongos”, pelos quais seremos salvos.
Sensivelmente, somos bombardeados com notícias que envolvem o tópico todos os dias. Mostram-nos números, estatísticas, imagens e datas previstas para a sua irreversibilidade. Na generalidade, acompanhadas de todos estes dados, vêm as soluções – reduzir, reutilizar e reciclar, apostar em energias renováveis, preferir meios de transporte coletivos ou elétricos e tantas outras.
No entanto, para alguns, a sustentabilidade é uma escolha (renegada). Para outros, as perdas causadas vão apagar-se, como que por magia, através de tecnologia que nada tem que ver com eles. É aqui que eu vejo o problema.
Se não acordarmos todos deste transe e despertarmos ambientalmente, a situação não vai atenuar. Aliás, irá apenas agravar-se.
Então, creio que a coletividade social e, primeiramente, a compreensão do problema, a consciencialização dos nossos atos e a sua influência são imprescindíveis. Porque não vamos ser “salvos pelo gongo”.
Carlota Pataca
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Hugo van der Ding
Fechar com chave de ouro
Dois mil e vinte foi um ano “diferente”. Com isto quero dizer… Caótico! Parece que o ano acordou com o pé esquerdo e foi de mau humor para o trabalho. A melhor parte é que ainda não acabou.
Em três dias, dentro de 2020, Donald Trump publica uma foto da bandeira dos E.U.A nas redes sociais. Curiosamente, aparece um general iraniano morto nas notícias. Gera-se ansiedade e põe-se a hipótese de mais uma guerra mundial.
Em finais de janeiro/ inícios de fevereiro, começou-se a falar deste tal vírus na China: ”Coronavírus”, ou lá o que é. Em finais de março, já é considerado pandemia e toda a gente já sabe de cor e salteado o nome do vírus.
Um homem de cor morre, por brutalidade policial. Acontecem diversas manifestações beligerantes, principalmente nos E.U.A. Em Beirute, uma explosão, centenas de mortos, milhares de feridos e uma centena de desaparecidos.
Não sei não, mas para mim foi um ano extraordinário (nos 2 sentidos da palavra). Sim, todos os anos há acontecimentos menos felizes, mas não me lembro da última vez que se tornou lei ter que usar máscara em estabelecimentos públicos.
Com base nesta empreitada de infortúnios, concluo que é provável que haja pelo menos mais uma catástrofe de grande escala até ao final do ano. Perante este pandemónio, porque não esperar por ventura ter peripécias épicas pendentes? Vejamos o que será que vai fechar 2020 “com chave de ouro”.
David Dias
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Assentar a carapuça
“Assentar a carapuça” e salvar o planeta são duas realidades aparentemente distantes. Mas serão assim tão distantes?
Depois de inúmeros avanços tecnológicos, o ser humano continua a “premiar” este planeta com guerras, discriminações, desigualdades, destruições ambientais, outros pequenos “brindes”. À conta disso, vivemos numa sociedade em que mulheres são menosprezadas, pessoas recebem tratamentos diferentes por conta das suas origens ou cor de pele, onde alguns de nós se veem obrigados a fugir do seu país para sobreviver e mais tarde acabam por ver ser-lhes negado qualquer tipo de ajuda.
Face a estes acontecimentos, esperava-se que alguém se chegasse à frente para dar o mote rumo à mudança, contudo, o que se vê são pessoas que se preocupam mais em encontrar culpados em vez de soluções. Cada vez mais é dada a sensação de que a “carapuça” não assenta em ninguém.
A recuperação do planeta deve ser uma preocupação geral e, apesar da situação estar complicada, será muito mais fácil de encarar tudo isto, se trabalharmos todos para o mesmo, se cada um assumir as suas culpas e nos mentalizarmos que a todos nós “assenta a carapuça”.
Rúben Leal
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Rúben Leal, novembro, 2020
Resvés Campo de Ourique
A expressão resvés Campo de Ourique significa “por pouco, por um triz, à justa”.
Para alguns autores, a sua origem remonta ao traçado urbano da cidade de Lisboa oitocentista, em que a estrada da circunvalação, que traçava os limites da cidade, atravessava o bairro de Campo de Ourique pela rua Maria Pia, ou seja, ficava “à justa” de Lisboa. Os limites da cidade são hoje mais abrangentes, mas a expressão ficou.
Uma outra explicação desta expressão relaciona-se com o terramoto de Lisboa, a 1 de novembro de 1755. Este terramoto, como se sabe, provocou um enorme maremoto que terá chegado perto da zona de Campo de Ourique que, por um triz, escapou.
João Paulo Lopes
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Rodrigo, in: Jornal Ponto Final, Macau, 2016
À grande e à francesa
Viver ´´à grande e à francesa´´ é uma expressão que significa viver com luxo e ostentação. Esta expressão popular é utilizada desde a primeira invasão francesa, em 1807, devido ao modo luxuoso como vivia o general Junot e os seus acompanhantes em Lisboa. Atualmente, ainda se utiliza bastante esta expressão. Será que, apesar de ter passado mais de um século, pode ser utilizada para caracterizarmos a sociedade?
Um estudo do grupo ´´Os Verdes´´ do Parlamento Europeu revela que em Portugal são perdidos em corrupção mais de 18 mil milhões de euros anuais. É mais do que o orçamento da saúde!
Confesso que o que me deixa perplexa é que a maioria dos casos de corrupção, apresentados na televisão, se associa a pessoas que têm cargos privilegiados, ou seja, não precisavam de roubar para ter uma vida económica boa, mas mesmo assim preferem roubar para ostentações, tais como: carros, casas, viagens, etc.
Como acabamos de ver, apesar desta expressão ser muito antiga, atualmente, na sociedade, há pessoas que acham que precisam de ostentação na sua vida para serem felizes e por isso vivem ´´à grande e à francesa´´.
Matilde Brito
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Luís Afonso, in: revista SÁBADO,
postado por Telmo Bértolo, 23 /12/2009
Que maçada!
Não sendo do tipo de pessoa que se interessa pelas eleições nos outros países, não pude ficar indiferente aos últimos acontecimentos eleitorais dos E.U.A, em que assistimos a uma tentativa de manipulação dos eleitores por parte de Donald Trump.
Conforme afirmou Miguel Sousa Tavares, comentador português, Joe Biden agiu corretamente ao aguardar, serenamente, o resultado final para assumir o cargo de Presidente e dirigir-se aos americanos, sem falar do seu adversário político.
Contrariamente a esta atitude, Donald Trump afirmou-se como vencedor, utilizando as redes sociais, nomeadamente o twitter, para fortalecer a sua posição e fazer crer que os resultados teriam sido manipulados.
Ora, num estado democrático, tal não deveria nem ser tolerado.
Trump acaba por se ridicularizar, ao manter a sua atitude radical e egocêntrica, fazendo lembrar Luís XIV no século XVII. Realmente chega a ser uma autêntica maçada ligar a TV e perceber que, apesar dos E.U.A já terem um novo presidente eleito, democraticamente, têm um ex que está em negação e não quer sair da Casa Branca.
“Que maçada!”
Sofia Carvalho
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"Democracia", Amarildo, 2020
Está tudo como dantes no Quartel de Abrantes
No dia 2 de março de 2020, o vírus SARS-CoV-2, mais conhecido pelo vírus da doença Covid-19, “entrou” em solo português, confirmando assim o primeiro caso positivo à Covid-19 em Portugal.
Desde então o cenário veio a agravar-se obrigando o governo a tomar medidas drásticas. Fecharam-se as escolas, entrou-se em confinamento e os números finalmente estabilizaram. Porém, em setembro, com o regresso às aulas, os números aumentaram novamente.
Depois de várias mudanças em busca de como melhorar, o certo é que atualmente temos um quadro igual ou pior ao do início.
Considerando que à medida que surgiam melhorias a gravidade da situação atual ia-se esquecendo, a diminuição dos números tornou-se quase impossível. Manifestações, festas, corridas de carros, ou seja, ajuntamentos proibidos voltaram a acontecer.
Sendo assim, creio que tudo voltou ao início, a situação repete-se gradualmente e ainda não se sabe quando terá fim.
É caso para dizer, “Está tudo como dantes no Quartel de Abrantes”.
Catarina Martins
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http://www.ofarolpb.com/tudo-como-dantes-no-quartel-de-abrantes
-leia-opiniao-do-contabilista-jose-ricardo/
Pensar na morte da bezerra
Hoje em dia vivemos numa sociedade que tende a cair na monotonia. Uma sociedade que não é capaz de se desafiar de modo a que cada um se supere, ou seja, que seja melhor do que foi ontem. Além disso, é inegavelmente percetível que há falta de ambição ou será que ficam todos a “pensar na morte da bezerra”?
As pessoas que têm falta de ambição ficam com sonhos incompletos e desejos por realizar, isto porque não têm coragem suficiente para enfrentar os obstáculos que implicam sair da sua zona de conforto. Considero que a ausência de iniciativa rouba os melhores momentos pelos quais podemos passar na vida, pois conquistar algo pelo qual lutámos é que dá o maior prazer possível, ou seja, ver o nosso esforço ser recompensado.
A existência de ambição pode ser considerada como um processo onde a determinação é maior do que o medo. Medo de errar, medo de julgamentos, medo do incerto. É extremamente importante estar ciente de que, enquanto ainda respiramos, devemos arriscar naquilo que acreditamos e nos faz bem, independentemente das consequências menos boas, senão, qual é a satisfação de viver para unicamente ver a vida passar?
No entanto, na vida, sobe-se por ambição, mas também se “afunda” devido à mesma. É necessário ter ambição, mas é fundamental salientar que não se pode deixar que essa ambição nos controle e passe a tornar-se ganância. Na verdade, a nossa sociedade está dividida entre aqueles que permanecem no monótono e aqueles que têm uma ambição excessiva, o que também é imensamente prejudicial. Não deveria, por isso, haver um equilíbrio entre estas duas características? Deveria pois, e apenas atingindo esse equilíbrio, nem que seja o mínimo, é que será possível evoluir-nos enquanto sociedade e enquanto seres humanos.
É essencial que cada uns de nós não se deixe corromper pela ambição desmesurada mas, ao mesmo tempo, é do conhecimento geral que sem ambição e força de vontade nada se começa. Por isso, é inútil ficarmos distraídos toda a vida, na nossa zona de conforto, como se estivéssemos a “pensar na morte da bezerra”.
Ioana Danulescu
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(Não) Atirar a toalha ao chão
O racismo é uma forma de preconceito e descriminação baseada num termo controverso: a raça. Infelizmente, este ainda está muito presente na nossa sociedade.
Muitas vezes, as pessoas são rejeitadas nos empregos por causa da sua raça. Mas será isso que define quem somos? A raça de cada indivíduo não o faz melhor ou pior do que o outro. Nélson Mandela, Bob Marley e Barack Obama são exemplos de que a cor da pele não define o nosso grau de importância no trabalho e na sociedade.
O número de casos de violência (física e psicológica) sobre pessoas de raças diferentes é elevado. Um dos exemplos mais recentes é o de George Floyd, um afro-americano que foi assassinado por um polícia, supostamente porque usou uma nota falsa num supermercado. Esta situação gerou protestos em todo o mundo, de modo a mostrar que não devemos ser maltratados pela cor da nossa pele e que se tem de lutar pela igualdade racial.
Os atos de racismo têm de acabar. Temos de aceitar as pessoas tal como elas são, independentemente da sua raça. Vamos lutar pela igualdade racial, “não podemos atirar a toalha ao chão!”.
Mafalda Alves Inocêncio
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Artur Bordalo, Bordalo II, Lisboa
Um mundo paralelo ao nosso
Em pleno séc. XXI, uma grande parte da população uniu-se, partilhando uma ideia de negação sobre a pandemia do COVID-19, onde os problemas da atualidade são inexistentes, ilusórios e fraudulentos, “vivendo assim numa terra do nunca”.
Perante esta nova realidade, os negacionistas do COVID-19 demonstram-se indiferentes em relação ao próximo, assim como revoltados contra as medidas de prevenção implementadas. Aqui, priorizam-se as festas, sem distanciamento, e ajuntamentos de multidões, alegando que a rede 5G é a causa desta pandemia e não o parasita SARS-CoV-2.
Contudo, esta ideia é falaciosa, pois existe COVID-19 em locais onde a rede 5G ainda não foi implementada, como em Portugal, que tem mais de 6000 infetados e 76 mortes.
Acreditam também que o uso de máscara quebra a liberdade individual de tomar decisões sobre os próprios atos, apoiando-se na omissão e exagero do número de mortos. No entanto, estudos comprovam que os valores reais são superiores aos divulgados, pois há inúmeras mortes não registadas e desconhecidas, como nas zonas mais pobres ou rurais.
Estamos perante uma população negacionista que vive num mundo paralelo ao nosso onde o individualismo tomou o lugar da saúde de todos, ao qual se dá o nome de “terra do nunca”.
Marta Vasco Dias
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Só quem vive no convento é que sabe o que lá vai dentro
Na manhã do dia 20 de julho de 2020, uma notícia inundou a comunicação social, dando conta da morte de Pedro Lima. O ator cometeu suicídio, o que deixou a comunidade em choque. Se visitarmos as suas redes sociais - páginas de Facebook, Instagram - ou se observarmos as suas atitudes na televisão, deparamo-nos com uma vida cheia de alegria, acompanhada de uma família extremosa e unida, onde nada indicava que, por detrás daquela imagem, pudesse estar uma pessoa psicologicamente instável.
Atualmente, este é um fenómeno frequente, as pessoas sentem a necessidade de esconder os seus problemas para criar uma imagem perfeita. Ninguém expõe o seu «verdadeiro eu», com medo de ser julgado e maltratado. Com isto, acabam por se desenvolver instabilidades emocionais, nem sempre detetáveis.
Convivendo com uma pessoa assim, achamos que ela é estável e feliz, mas tudo isso não passa de uma ilusão, que esconde uma realidade bem diferente. Como dizem os populares, “Só quem vive no convento é que sabe o que lá vai dentro”.
Matilde Santos
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meow91566, Instagram, 19 de julho de 2016
Atirar a toalha ao chão
Um dos temas mais atuais é o racismo. 2020 tem sido marcado pela luta contra a discriminação, principalmente discriminação de pessoas de cor. Ao longo deste ano houve, infelizmente, inúmeros casos de violência contra negros. Muitas vezes, foram até as autoridades que praticaram estes atos, algo bastante lamentável.
Durante o regresso às aulas, várias escolas foram vandalizadas com frases racistas, como “A Europa é branca” e “Voltem para África”. Alguns grupos de alunos de várias escolas revoltaram-se e exigiram que se encontrassem os culpados, limpassem as paredes ou eles mesmos as limparam. Atos como estes restauram a fé na humanidade.
Apesar de tudo, Portugal não é um dos países mais racistas. A situação nos EUA está muito pior e isso confirmou-se não só com George Floyd, o homem que ficou famoso após ser morto por um polícia, com as revoltas de pessoas antirracistas, como também com as eleições para presidente. Embora Biden tenha ganho, muita gente votou no ex-presidente Donald Trump, homem racista.
De facto, o racismo está em extinção, porém ainda existe em várias partes do mundo, desde os EUA a Portugal, mas é o nosso dever lutar contra o racismo, por mais difícil que seja, sem nunca “atirar a toalha ao chão”.
Micael Monteiro
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Bira Dantas
https://sp.cut.org.br/noticias/demissao-na-cpfl-racismo-1e53/
O pior cego é aquele que não quer ver
Cada vez mais existe uma maior quantidade de pessoas que recusa vacinar-se. Isto acontece devido a notícias falsas e crenças. Estas pessoas acreditam que a vacinação não é segura, ou seja, as vantagens de serem vacinados são menores do que se forem.
Este tipo de atitudes faz com que em todos os países do mundo exista um aumento do número de pessoas que poderiam muito facilmente ter sido tratadas em diversas doenças, se tivessem sido vacinadas.
Eventualmente, quando existir uma vacina para a Covid-19, haverá pessoas que não vão aceitar tomar a vacina, não acreditando nas vantagens existentes na toma da mesma, o que faz com que continuem a existir potenciais meios de contágio pelo mundo.
As pessoas precisam de entender que a vacinação é um dos meios mais eficazes para o combate a determinadas doenças e são poucos os casos em que há uma falha na vacina.
Se isto continuar a acontecer e a população não acreditar nos diversos profissionais ligados à área da saúde, como farmacêuticos, biólogos, biomédicos, bio tecnólogos e médicos, é porque de facto “o pior cego é aquele que não quer ver”.
Tiago Pascácio
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Revista Galileu, 27/dez./2020